domingo, junho 18, 2006

BASHO

How very noble!
One who finds no satori
in the lightning-flash

Breakfast enjoyed
in the fine company of
morning glories

Traveling this high
mountain trail, delighted
by violets

A solitary
crow on a bare branch-
autumn evening

This first fallen snow
is barely enough to bend
the jonquil leaves

Whore and monk, we sleep
under one roof together,
moon in a field of clover

At the ancient pond
a frog plunges into
the sound of water

Now I see her face,
the old woman, abandoned,
the moon her only companion

Nothing in the cry
of cicadas suggests they
are about to die

How reluctantly
the bee emerges from the deep
within the peony

The farmer's roadside
hedge provided lunch for
my tired horse

...

terça-feira, junho 13, 2006

O Grito

Não sei por onde começar... nem sequer sei muito bem como continuar... queria poder transformar as palavras em gritos estridentes, pois é essa a única coisa que me apetece fazer hoje em dia. Inexplicável como passado tanto tempo ainda persistes no meu coração, na minha mente, na minha vida... Já passou mais de um ano desde que passei a ser oficialmente, de novo solteiro e bom rapaz, ou pelo menos a primeira das premissas,já que a segunda nunca fui; e ainda assim, como se tivesse sido ontem, as sensações acorreram novamente a esta já por si confusa mente. Qual a razão para tal ter acontecido, já que nada se passou de diferente dos últimos 6 meses? Continuo sem ter qualquer sinal de vida da tua parte, continuo com o mesmo desespero, a mesma ilusão, a mesma dor, a mesma paixão... Porquê então? Puro masoquismo, ou apenas o facto de ser uma data especial, em que supus que seria diferente por isso, que conseguiria falar contigo e dar-te os parabéns, apenas um pretexto para ouvir a tua voz, acalmar um pouco a alma e o coração... Sempre me orgulhei, apenas por e para mim, de não haver nada que tenha visto que não conseguisse fazer, decifrar ou compreender. E mesmo se não o conseguisse numa determinada altura, passado algum tempo debruçado sobre a questão normalmente chegava a uma conclusão... parece que há mesmo sempre uma primeira vez para tudo, pois agora não consigo chegar lá, por mais voltas que dê, por mais que ponha os factos debaixo do microscópio, por mais métrica que tente achar nas palavras não há maneira de perceber o que aconteceu, o que se passa contigo, o que nos aconteceu.
Hoje apetece-me chorar(que merda de se dizer mas para quê negar), o que já não acontece há muitos anos, sendo que da última vez também tinha sido pela mesma razão, pela única razão que conheci até hoje... "and the reason is you"... parece que também há sempre uma segunda vez para tudo...
Mas mais que chorar, necessidade fisiológica que não me alivia grande coisa, apetece-me gritar... mais alto do que nunca, com mais força do que a que os meus pulmões corroídos pelo fumo têm... senti-los a desfazerem-se enquanto redobro o esforço para uma última nota aguda, de dor, último fôlego e esforço de quem perdeu a sua razão de viver,de amar, fonte de prazer e bem estar...
Antes tinha um prazer intímo, conhecido de muito poucos, que consistia em gritar a plenos pulmões, quando a ocasião se apresentava, ou seja, normalmente quando estava sozinho num monte, praia ou lugar mágico "Foda-se, estou vivo"... Hoje em dia já não tenho vontade de o fazer pois nada há de especial a celebrar, nada me faz vibrar o suficiente para poder sair um pouco da sóbria normalidade habitual.
Hoje, se pudesse dispensar todas estas palavras, amigas dedicadas e sempre dispostas a ouvir, e não as tivesse de usar para descrever como me sinto e assim poder exorcizar as minha mágoas, a única coisa que queria era ter tanto talento como Edward Munch, que com uma simples imagem conseguiu descrever tudo o que sinto e acabo de escrever e o que não tenho coragem de dizer...

domingo, junho 11, 2006

Máquina de lavar.

Centrifuga-se o suco branco que esvazia as plantas amargas. Quatro mil rotações por minuto. Quilómetros rodados e a cabeça obriga o estômago a vomitar os intestinos verdes. Fumo um cigarro, em frente ao ecrã real de roupas para despir ou esfarrapar ou coser. Escumalha de pensamentos vendidos por padres de água benta na mão. Afoga-te em vinho com a coragem de o fazeres do pipo. Muralhas de figos chamam abelhas secas de mel. Morrem os beijos no veneno do não. Corta, corta! Repete. Estarei surdo ou este filme é mudo de irmãos. Aproxima-te até o nariz tocar a ladaínha interminável. Cospe e apaga as letras garrafais. Bebe mais um gole. Remexe esse azeite de curas militares.

terça-feira, junho 06, 2006

Enrolar a toda a hora.

Não sei por onde começar, se é que algum dia vou conseguir parar para me mover nesse sentido. Perdi a vontade de tudo. Sinto-me vazia, com as ideias a aparecerem como se fossem fruto do nada. Tudo ou nada. A extravasar ou assim. Gostava de saber o que me faz sentir nisto. Perceber para mudar ou simplesmente para fugir. Tudo passa a ser esbatido. Todos os sentimentos passam a ser pedras. Estão ali porque são pesados em mim, mas estão imóveis. Existem apenas, não os sentindo. Nem ansiedade. Pareço morta por dentro. Assassinam a força, se é que é este o nome que devaneios de acção e desejo de sorrisos, inclusive o meu, têm. Porque se matam assim os sonhos?! Mesmo que seja uma morte que se chama sono. Hão-de acordar de novo. Se um dia não acordarem, talvez corte os pulsos, esvazie as veias, que só alimentam o que não posso ter ou ser. Quero continuar a sorrir. Se a tristeza vier por mais que alguns momentos, prefiro dizer adeus a tudo porque nada fará sentido. Quem me dera que o tempo parasse, porque de resto tudo parou.

Voa.

Não respires.
Fica assim até aguentares.
Rebenta!
Agora procura os pincéis.
Pinta balões de asas nas paredes brancas.
Sopra e enche-os.
Viaja com essa enorme chama que só te consome.
Agora, eles que rebentem de tanto transpirarem, num esforço de te acalmarem o desejo de criação nuns olhos em faísca.


Estás bem? Sim. E tu? Estou.