domingo, março 22, 2009

Discursos e discussões

Quando te vejo vir
ainda me apetece sorrir...
Por pensar que retribuis,
que me retiras pinturas azuis
e antigas desilusões...
Penosas e castas castrações
de um sentir exacerbado
e por demais idealizado...
Talvez por isso exigente,
tornando-se inconsequente,
insípido e entediante...
para a metade enervante...
Gostava de poder flutuar,
como tu, pelo ar...
Deixando apenas a brisa
que vem da tua guisa
de andar, estar, falar,
olhar, tocar e calar...
Mas é isso que me faz
cair, como sempre incapaz
de deixar rolar
o que pode ou não passar...
A minha fábula é bêbeda
e celeste a abóbada,
quero ultrapassar os céus
e não pensar em réus...
Apenas algo mais ambicionar,
não desistir de levantar
após uma e outra queda...
Por ver em ti valor...
Por ver em ti o calor
a que poderia retribuir
sem me imiscuir...

Mas ao fazer tanto
e não vendo quanto
isso te aborrece,
o tempo arrefece,
apesar da breve primavera...
Deixo-te como uma fera,
por não respeitar o luto
e portar-me como um puto,
quando devia ser astuto
e não tentar o proibido fruto...
Acabo por devolver Inverno
ao que já foi inferno
e augurava agora estação
mais próxima do Verão...

Tentei evitá-las,
mas não consegui calá-las
antes de as ter de pedir...
antes de perder o sorrir...
Sou eu que tenho a culpa...
Sou eu que peço desculpa...