terça-feira, agosto 11, 2009

Águas mil

A sola do sapato esgravata o chao num ritmo militar, Bastam breves segundos, para assassínios em massa cometer um tal passo acertado. O homem saiu de casa e como sempre dirigiu-se para a rua sem fundo. Sentiu-se estranho quando viu uma violenta onda, daquelas que o nosso mar tanto gosta de oferecer, a afrontar-se na sua direccao. Susteve a respiracao e por um reflexo reflexivo os bracos e pernas estendeu, antipodas na horizontal, e mergulhou. Embora visivelmente encharcado, um rubor intenso cobriu-lhe as faces quando deu conta dos transeuntes, esses secos e com sorrisos esbocados de esguelha, Nesse momento percebeu que estava só. Que a onda e seus passos seus eram. Voltou a casa para mudar de roupa. Depois de despistar sua esposa encostando-se aos rodapés para evitar explicacoes, saiu para uma segunda tentativa. Seus olhos entao brilharam de espanto quando ao olhar em seu redor do cimo das escadas um imenso oceano avistou. Suas lágrimas eram doces gotas vertendo emocoes sobrepostas sobre os peixes...Entrou novamente... Agarrou sua esposa com o mais doce e intenso fervor de todo o seu sempre emocional. A fonte da sua existencia ali tinha estado à sua espera. Amou-a sem tempo nem espaco e voltou a amá-la infinitas vezes no meio do nada. Quando as quotidianas dimensoes voltaram, bebiam chá de amoras no jardim. Os transeuntes passavam com caras engelhadas. Tudo voltou ao normal.