quinta-feira, agosto 28, 2008

Fado Tuga...Tuga Fadado

Pertences a uma raça antiga...
ainda mais velha que cantiga
de amor ou de amigo,
concentrada em seu umbigo,
sempre aventureira e migrante...
nunca curiosa viajante...
saudosista e imperialista,
materialista e chauvinista...
Milhares de anos de evolução
ou, antes... de perpetuação
de ancestrais costumes,
deste lado dos cumes
que nos separam da Europa...
onde o povo há muito topa
que novos ventos sopram...
que novas vagas rebentaram...
Que o comboio da mudança
nunca pára, sempre avança...
Para quando alterações?
Quando ganharemos colhões?
Quando ouviremos o poeta
p'ra qu'isto deixe de ser uma treta?
Camões cantou-o, com visão de cem...
Pessoa, desiludido moderno, também...
Poderei eu contribuir
para pôr a malta a rir?
Como conseguiria, eu, substituir
esta fadada forma de sentir
por outra mais contente,
tolerante e bem-dizente?
Não faço a puta da ideia...
demasiados anos nesta geleia
para que não tenha ficado
com o seu cheiro agarrado
á nascença, na alma entranhado...
Apenas tenho de fazer o meu bocado
e deixar de ser complicado...
Fazer como os antepassados:
à bolina navegar... tresloucados...
deixando-me levar pela corrente,
como quem não se sente...
Para que o coração aguente...
P'ra que a razão não rebente...

quarta-feira, agosto 20, 2008

Cicatriz nº 3127

pensei que me tinhas resgatado...
voltado a amar e ser amado...
nada mais que ilusões,
aparentemente, as sensações
que tenho experienciado
e me deixam, agora, prostrado...
sozinho, cabisbaixo, sentado
a olhar para o chão,
ouvindo o bater do coração
e esperando que cesse...
que seja servido na messe
dos imundos e glutões vermes...
enterrado em terras de Hermes,
para que pare o seu pulsar...
para não voltar a amar
e poder, finalmente, descansar
do que me leva, num instante, ao ar...
apenas para a seguir
a sensação ver fluir
para o oposto completo,
no chão depois de no tecto...
Serei, agora, sempre assim amargurado?
ou estará o melhor bocado guardado?
Mensagem de criança,
ou apenas vã esperança:
espero bem que sim,
que a tormenta já tinha fim...

segunda-feira, agosto 04, 2008

Heart Shaped Box

star cross lovers meet
in a dark and drunk street...
they notice each other
and then, without a bother,
she looks the other away...
he´s got nothing to say...
words clough his throat.
she sees her parting boat
on a distant peer,
so distant from his ear
and what he'd like to hear...
"this boat has sailed",
into the night he whaled
no one hearing his cry...
far, far from her thigh
and the warm bosom
in which could blossom
a young but true love...
Still, the migrating dove
does not listen to the call,
and the pain takes his toll
on the fragile and scarred heart
of this love-sick fart...
one more time, once again
over and over again...
Until it´s healed,
and then, again, yield
to this fulfilling feeling
lifting him to the ceiling...
until, once more,
it´s put below the floor.