segunda-feira, janeiro 05, 2009

Laranjas, limas e limões...

É impossível descrever,
p'ra outro ver,
um qualquer sentimento...
Sem que, no momento,
algo fique omisso...
Sempre acontece isso...
Não que assim se queira...
simplesmente uma fogueira
não é um conjunto de cores
que explicadas, como dores,
possam ser diagnosticadas...
ou assim identificadas
pelo nosso receptor...
Seja inimigo, amigo ou amor...
Cada um tem a sua percepção,
cada um tem uma visão
do mundo que o rodeia,
dos recantos da teia
em que se envolve...
e de como essa devolve
para dentro de cada um de nós
o que ouvimos noutra voz...
Como pode alguem verbalizar
a sua experiência em amar,
viajar, viver ou voar?
Dançar, endoidecer ou desejar?
Mesmo com iguais vivências,
sempre haverão divergências
na maneira de as sentir...
De docemente as definir,
ou no oposto as pôr...
no fosso ou o que for
que como tal se considere...
Pois mesmo um malmequer
tem eterna e terna dualidade...
Não importa a idade,
sexo, nexo, raça ou credo...
Até mesmo o medo
não é de igual modo sentido...
Assim sendo, qual o sentido
de continuar a tentar
nestas linhas passar
o que aqui sinto,
mesmo quando não minto,
como disse o modernista poeta
que exausto alcançou a meta?

Idioticamente ignoto da ideia...
Vai-se a ver e verdadeira verborreia...
Mas mantenho-me à mesma
a rabiscar resma atrás de resma...
Desesperada e estoicamente esperando...
com a guarda desguardada, aguardando...
Talvez tu, ou um outro tonto
curta o que carpindo, conto...
Talvez tenhas um tolo ponto
p'ra me apresentar e presentear...
e dessa salutar e diferente discussão
consigamos cada curar o carente coração...

(inpirado por "A Rapariga das Laranjas")