quarta-feira, janeiro 18, 2006

...Melenásia...

os anciões e os mágicos reuniram-se para
calcular a geometria das fundações da torre.
A torre é construída pelos homens e por crianças que ambicionam
deixar de o ser.

A lenda diz que outrora uma mulher fugiu ao seu marido que mais
uma vez a ameaçava de pau erguido por ela não se submeter aos seus caprichos. após uma longa perseguição a mulher subiu a uma árvore muito alta e atirou-se desafiando o peso da terra, o homem sem meias medidas, acelerado pela vontade imensa de usar o pau, precipitou-se também acabando estatelado no chão. A mulher antes do voo atou uma liana em cada perna e escapou ao prejuizo da queda.

A partir daí as mulheres da aldeia estabeleceram um ritual que consistia na construção de uma torre para se lançarem desta atadas por lianas, prestando homenagem ao acto heróico descrito na lenda.
Como algumas susceptibilidades foram feridas, já que as mulheres usavam saias e durante a queda partes menos próprias eram desvendadas pelo sol, a tradição passou para os homens. O rei dos homens era aquele que saltava do ponto mais alto. E quem não saltava nunca chegava a deixar de ser criança.

O rei dos homens empurra o seu filho de idade 12
com os pés enrolados em lianas, quando vê que a altura
se transforma no medo do solo.
Deposita tanta confiança no rapaz
como em si próprio porque são feitos da mesma carne.
O rapaz percebe que já não pode evitar a queda do
tamanho de três elefantes empilhados, e impulsiona-se
para a frente como o pai tanto o relembrou antes da subida.
O movimento, após o esticar da liana, é o de um pêndulo acompanhado pelo
amortecimento provocado pelo quebrar dos ramos, que o jovem, meticulosamente havia colocado no sítio(gol) de onde saltou, de maneira a que a liana tivesse que os quebrar ao ganhar tensão.
A cabeça do rapaz atinge o solo rodeada de cânticos e danças tribais
que asseguram a sua passagem para o novo estádio.

O rapaz é agora um homem.

Como três crianças, tinham caçado um javali, no final do dia as mulheres prepararam um banquete.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

oi mano. Espero que não tenhas passado por uma queda dessas por estes dias...assim como eu passei.
Uma boa metáfora terapêutica para quem passou por experiências traumáticas, porque faz-nos ver que mesmo nessas alturas, a experiência permite-nos passar a um diferente estádio, ficando mais preparados para situações similares, ou pelo menos assim me parece...
Abraço

7:16 da tarde  

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